Assim, só de uma vez. Tudo de uma vez. Por correio chega-me notícias do Daniel e da Vanda e leio-os e penso "vale a pena! Claro que vale a pena!", por telefone o João (quantas saudades João!), o tal amigo que diz que tenho flutuações de humor ao que lhe respondo que não, e rio-me e digo que é mesmo uma inconstância desgraçada. Por telefone também noticias de Espanha. Rasga-se o sorriso. Espanha vive agora no meu pensamento dia sim, dia sim. Outro sorriso. E mais e mais. Pessoas que estão longe, mas que tornam o longe perto, que com uma palavra apenas enchem o coração e a alma de alegria e de novo penso "Vale a pena!" Correm os dias por nós e às vezes nem damos por eles a passar, no entanto os afectos (ah, os afectos! Sempre eles, sempre eles que me movem. Sempre sobre eles que escrevo. Não sei ser, viver de outra forma que não seja transparente, com o coração nas mãos.) permanecem. Permanecem sempre quando são sinceros, de dentro, da alma.

(e é de novo Primavera e a esperança, a esperança chega com ela. Novo começar. Ou recomeçar. Sempre a recomeçar. E oiço o João a sorrir e a dizer "mar, isso são pequenas flutuações de humor" e eu rio-me.)